DE (S) PROPÓSITO
lisieux
Não “poetizei” o 11 de setembro.
Não foi covardia.
É que ,olhando em volta,
dá revolta:
Balas perdidas,
fome, favela...
Desemprego,
desgoverno,
corrupção...
Violência banalizada
e a miséria, desprezada.
A dor do outro
perdeu a importância
e a ganância
escala ao pico,
pisando sobre todos...
Não “poetizei” o 11 de setembro.
Mas, me lembro...
Lembro o vizinho doente,
lembro o pai sem emprego
a prole sem leite,
o menino com frio
a poluição do rio...
E neste desvario
não posso “cantar” um fato isolado -
dói mais em mim, a dor aqui do lado -.
Não “poemitei” o 11 de setembro...
Aqui tem mais escombro.
E eu só quero lembrar, com a minha poesia,
que o 11 de setembro acontece
todo dia!
BH - 11.09.03