Sobre uma visita inesperada

”Para todas as coisas um tempo determinado”

De súbito, o poeta perdeu a inspiração

No púlpito, condenava-se a vaidade

Eis que percebi tua serenidade

Confortavelmente apavoradora

Chegaste terna e dolorosa, imaculada

Vieste só, privacidade anunciada

Mas, voltaste acompanhada

O elástico se rompeu, infortúnio!

Nada mais nos une agora

Lá fora, os sinais

Ficaram para trás, presumo

És forte demais para mim

Faço luto, não aceito-a

A chuva que cai são minhas lágrimas

Tenho o corpo em minhas mãos

Mas, as almas que levaste, onde estão?

Reluto, faço um haikais

Preencheste tuas páginas?

Descansa agora, querida

E assim como veio, vai

Os rumores de outrora

Transformaram-se em lamentos

Agora, tua ausência...

Nunca mais a terei

Não conseguimos nos despedir, bem sei

Em padecimento, transbordar-me-ei

*Baseado no cap. 3 de Eclesiastes

Marciano James
Enviado por Marciano James em 10/10/2009
Reeditado em 25/01/2011
Código do texto: T1858482
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