poema novo
Em vão tentei não fazer versos
sobre amor,
como Drummond me alertou.
Em vão tentei ressussitar poetas mortos,
Álvares de Azevedo
e Edgar Allan Poe.
Em vão tentei ser modernista
e antropofágica,
quando Oswald me provocou.
Em vão tentei ser árcade
ácida e ferina,
quando Sade me desafiou.
Mas mesmo assim continuei
a luta insana e digna da arte
que a literatura me proporcionou:
compus belos,
singelos e sinceros
poemas de amor a quem nunca
me amou.
Estive em 1922, 1928
e em muitos outros anos rebeldes.
Dei e tomei
tapas na cara,
tomei porres,
enchi a cara.
Quando me perguntarem
o que aprendi com isso tudo
direi:
Nada e muita coisa.
estarei sempre aberta
à alertas, provocações e desafios.
A minha batalha
em favor da poesia
ainda não cessou.