EU TENHO MEDO ( Para a Ciranda da Maysa,aqui com algumas alterações)
Grato me é o tema do Medo
este importuno que nos chega sempre
sem que o tenhamos chamado
este às vezes sem rosto
e, outras tantas, com o semblante
de tudo de que fugimos.
Ai, Medo, companheiro das horas más.
Ai, Medo, das horas boas também,
que em todas te insinuas
para toldar-nos certezas, estas precárias.
Ai, Medo dos Sertões em nós.
Ai, Medo, dos Desertos em nós.
Ai, Medo com a cara
de todas as Solidões.
Medo, tu que tens me acompanhado
com a fidelidade de um cão
ao longo de tantos caminhos...
Às vezes cheguei mesmo a amar-te
como a um amante bem-vindo
e em outras exortei-te
para que me abandonasses
sem caminho de retorno.
Apesar de ti tenho seguido
como posso, como consigo
por Terras férteis de mim
Por Águas doces de mim
Pelo Amor, cuja paisagem
te afasta, Medo, te mantém longe
por causa da Paz que, às vezes,
o Vero Amor costuma trazer
enquanto dura este Vero Amor.
Zuleika dos Reis
Escrito em 8 de outubro de 2009 para a Ciranda proposta pela Maysa.