BANZO
lisieux
Sustento a tua lembrança,
suspendo os sonhos, retalhos,
sustenho a minha esperança
(floradas em secos galhos).
São aves de arribação
os meus singelos quereres
e guardo no coração
os meus amores e haveres.
Quero cantar, sustenidos.
Grota, gruta, rouco, surdo,
um som gutural, grito mudo,
é o que me sai da garganta...
Sou um som de antigo mantra,
sou mero raio de luz
que, pela greta, se espalha...
Sou estrela que reluz,
solitária, no infinito.
Silvo longo de um apito,
banzo, que a alma quebranta...
Sou jovem, velha, menina,
sou concubina e sou santa.
BH - 20.01.04