AVE
lisieux
Luz e calor.
Sol a pino.
Ladeira íngreme.
Leva a trouxa.
Canta...conta.
Quando foi?
Enquanto sobe,
quase ela sente
a mão do homem,
desejo urgente:
“te deixo não!”
Voz de trovão...
olhar de maresia...
O Pai
do Filho.
E o estribilho
que ela entoa,
grito que ecoa,
que reverbera,
desce a ladeira,
bate no chão.
O sol no céu,
olhar ao léu,
sobe a ladeira...
Água na bica
olhos vermelhos
água no fogo...
água nos olhos...
Leite não tem
para a mamadeira...
feijão pros filhos
(todos os seis)
também não tem não...
Maria canta...
Maria voa
Maria entoa
triste canção
Maria é ave
de arribação
AVE
Maria.
BH - 20.05.03