AVE

lisieux

Luz e calor.

Sol a pino.

Ladeira íngreme.

Leva a trouxa.

Canta...conta.

Quando foi?

Enquanto sobe,

quase ela sente

a mão do homem,

desejo urgente:

“te deixo não!”

Voz de trovão...

olhar de maresia...

O Pai

do Filho.

E o estribilho

que ela entoa,

grito que ecoa,

que reverbera,

desce a ladeira,

bate no chão.

O sol no céu,

olhar ao léu,

sobe a ladeira...

Água na bica

olhos vermelhos

água no fogo...

água nos olhos...

Leite não tem

para a mamadeira...

feijão pros filhos

(todos os seis)

também não tem não...

Maria canta...

Maria voa

Maria entoa

triste canção

Maria é ave

de arribação

AVE

Maria.

BH - 20.05.03

lisieux
Enviado por lisieux em 21/05/2005
Código do texto: T18542