ALFENEIRO INFELIZ

Tinhas de haver nascido

Em frente à minha janela?

Pareces ter ciúmes dela,

Alfeneiro intrometido!

Obstruíste minha alegria

De ver em plena nudez,

A mais linda e tenra tez

À luz rubra que caía.

A silhueta esgueirada

Transparecendo à cortina

Os róseos seios de menina

Em sua pele aveludada...

Nas tardes em sentinela

Eu me punha paciente

Que viesse de repente

Desnudada na janela...

Mas cresceste tão frondoso

Pondo fim às fantasias,

Ó deus Éolo, bem podias!

A ele ser mais furioso.

Derrubá-lo num lufar

Alfeneiro desgraçado!

Pra que eu veja doutro lado

Ela em pelo a desfilar.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 07/10/2009
Reeditado em 07/10/2009
Código do texto: T1853633