ALFENEIRO INFELIZ
Tinhas de haver nascido
Em frente à minha janela?
Pareces ter ciúmes dela,
Alfeneiro intrometido!
Obstruíste minha alegria
De ver em plena nudez,
A mais linda e tenra tez
À luz rubra que caía.
A silhueta esgueirada
Transparecendo à cortina
Os róseos seios de menina
Em sua pele aveludada...
Nas tardes em sentinela
Eu me punha paciente
Que viesse de repente
Desnudada na janela...
Mas cresceste tão frondoso
Pondo fim às fantasias,
Ó deus Éolo, bem podias!
A ele ser mais furioso.
Derrubá-lo num lufar
Alfeneiro desgraçado!
Pra que eu veja doutro lado
Ela em pelo a desfilar.