POEMA SERENO
A cidade já não falava de comércio,
Da violência urbana nem da política corrupta
Nem de futebol.
A cidade já não estava
Agitada com pessoas nervosas em busca de lugares nos
Prédios, nos elevadores nem nos coletivos
Superlotados e suas filas insanas.
Já não se ouvia a fala ensurdecedora dos
Motores à explosão conduzidos por
Motoristas atônitos.
Os pedintes e mendigos já não pediam,
Dormiam no silêncio de seus trapos sociais.
As crianças de rua não passavam
De anjos adormecidos em seus
Divãs de concretos recobertos em lençóis de jornais
A sonharem com seus pais que nunca os tiveram.
Os coloridos das vitrines das lojas só tinham por
Admiradores agora alguns pares de olhos
Cansados pelo serviço noturno.
Na cidade já era alta madrugada,
E tudo que se ouvia era
O poema de amor que um
Grilo exaltava à sua companheira desconhecida!