SPLEEN

É assim um não sei como

Um não sei quê

Uma angústia

Saudade

Do que não se sabe

De quem não se vê

Uma dor cortando o peito

Uma espécie de mal feito

A retalhar o peito

A amargurar

A reconhecer

O bem maior desfeito

É música intraduzível

Gosto de apaixonado beijo

De opressão

E de ter certeza

O efêmero sentido da beleza

É o mar sombrio

O sol ficando frio

A boemia

Na espinha correr um calafrio

É querer morrer

Mas é morte de prazer

Nas cordas de um violão

Na letra de dolorida canção

É o voo do pássaro misterioso

E da dor o total gozo

Spleen é trevosa taberna

Imersa em azul de absinto

A obscuridade

Que não nasce e nem falece

Não tem idade