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O céu claro e superficial

Saturado de imagens

Valsa de vergéis

Rondando o rodar de tudo

Micro-universos

Fontes de Mijo

O ritual sagrado dos nossos ancestrais.

Evoquemos a desordem do Macaco,

Já que o homens

Deixaram de se quererem deuses.

* * *

o vento que trazia musica se apagou

atropelada pela passagem dos carros

*

o sol declina

a chama que extingue

mas não mia.

quantas vidas

parecem guardadas

nesta curta fração

de onde me espio.

Cada um carrega o seu cemitério portátil.

( Espécie de bornal

Que em alguns casos transborda

Deixando a vista

As vísceras que ainda cheiram. Coisa do oficio,

Daqueles que só vicejam através dos mortos:

a espada sempre a beira, com olhos de sangue .)

*

o cavalo estacionado,

no pátio ao lado da igreja,

pelo seu escapamento

sopra à vista e ao vento

os seus feitiços

contra aquele que o senta:

(CAVALO) – desta vida, desta roupagem a contragosto ainda me sujo; dos outros só o uso, toda sorte de desengano, mas outro posso ser, não serei mais cavalo nesta vida,

chega de espasmos, chega de virilhas doloridas.

A morte, bípede vaidoso, lhe chegará por coices no escuro, até lá...

Não faço desfeita de um punhado de aveia. ( se acerca do seu dono

Que saindo do bar lhe cospe na cara um punhado de fumo. Os dois saem)

*

do desuso o uso

de um bocado de fumo

o sumo do escarro

de uma boca que não beija.

daniel rodrigues
Enviado por daniel rodrigues em 30/06/2006
Código do texto: T185194