ABAPORU

lisieux

(inspirado em quadro de mesmo nome de Tarsila do Amaral)

Sob o sol

inclemente

chão seco

pés descalços

decadente

Abaporu

sonha.

Lobo

do homem

canibal

desumano

Abaporu

sonha

Sem pátria

sem teto

sem chão

contratempo

controverso

contra-mão

Abaporu

sonha

Cabecinha

de vento

alfinete

mal cabe

o seu sonho

Não cabe saber

não sabe viver

Abaporu

sonha

Antropofágico

hemorrágico

verbo

a um só tempo

trágico

e mágico

teimosamente

estoicamente

Abaporu

sonha.

BH – 04.03.04

15h50m

lisieux
Enviado por lisieux em 21/05/2005
Código do texto: T18503