ABAPORU
lisieux
(inspirado em quadro de mesmo nome de Tarsila do Amaral)
Sob o sol
inclemente
chão seco
pés descalços
decadente
Abaporu
sonha.
Lobo
do homem
canibal
desumano
Abaporu
sonha
Sem pátria
sem teto
sem chão
contratempo
controverso
contra-mão
Abaporu
sonha
Cabecinha
de vento
alfinete
mal cabe
o seu sonho
Não cabe saber
não sabe viver
Abaporu
sonha
Antropofágico
hemorrágico
verbo
a um só tempo
trágico
e mágico
teimosamente
estoicamente
Abaporu
sonha.
BH – 04.03.04
15h50m