DESILUSÕES

Na época em que Tião Carreiro era Rei da viola

Pelé o Rei da bola e Roberto o Rei da Jovem-guarda

O amor era mais latente, a humildade era a arma

Da gente, a sinceridade era o carro chefe do homem

A informalidade valia mais que a formalidade fosse

No campo ou na cidade, a gente era mais feliz.

Ainda não havia armas sofisticadas, da tecnologia

Ninguém falava, as mensagens eram telegrafadas,

O trem era o melhor meio de transporte, embora fosse

O Pau-de-araras que nos levasse ao Norte, a gente era

Feliz e tinha sorte.

Em cada praça havia um circo, ruas forradas com paralelepípedos

Calçadas empoeiradas, cavalos amarrados aos postes

Ruas mal iluminadas, estradas mal conservadas, boiadeiros

Tocando a boiada, vaqueiro juntando a invernada, Gal, Gil e

Caetano eram só promessa de vida, a gente era feliz e com

Um mundo melhor apenas sonhava.

O Muro de Berlim existia, mas a gente não sabia da

Crueldade daquela separação, não se via crianças de armas

Nas mãos, rios e lagos eram de águas limpas, violeiro cantava

À noite enluarada, o amor era paixão, a emoção falava mais

Que a razão e o homem nos outros confiavam, a gente era

Feliz mesmo com o progresso que de longe chegava trazendo

Suas promessas sem que eu me atinasse.

Acabaram-se as ditaduras, logo veio a liberdade, o Muro

de Berlim desmoronou-se, Sena foi Campeão, o Governo

Doou o patrimônio e a dignidadeda da nação , o pobre

Ficou mais pobre, o rico ficou mais rico e eu fiquei como bobo

Choramingando o amor duma menina, perdido de desejo,

Louco por um beijos sem a vida oferecer minha doce vaidade.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 30/06/2006
Reeditado em 30/06/2006
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