Réquiem a um Corpo

Quatorze anos...

Quatorze anos e um verso primeiro nasceu da dor.

Pro dia colorir-se, sorria para o sol.

No entanto, jaz inerte. Corpo mudo agora.

- Desprezaram-no!

Ajudei-lhes também, outrora.

Disto me envergonho um tanto...

Quanto mais, supunham, ajudava-o,

Mais de si roubavam-lhe.

Eu.

Nós...

Deixas um filho, Corpo.

Deixas um filho que sentirá a tua falta.

Não, não lamentaremos Tua ida,

Tua vinda foi em vão

E nisto lhes somos sinceros.

- Finalmente...

Regozijamo-nos, entretanto,

Com a Tua partida sem dor.

Pesar...

Pesar leve.

Não te preocupes, logo superaremos.

- Deixemos Massa, tal Corpo partir!

Em paz, seu ultimo verso descansará.

Jaz agora, Corpo nobre!

Corpo: Vento!

Corpo: Tudo!

Corpo: Nada...

(E o ultimo punhado de terra lhe é cuspido ao rosto).