ESPANTALHO
 
Boneco de retalhos, improvisado
e hasteado no meio do milharal,
naquele velho sítio do tio João,
com seu enchimento tão secado
pela, constante, exposição ao sol,
perdeu a sua principal função,
virou ponto de repouso do pardal.
 
Mas o sábio dono daquele sítio
que poderia queimar o inútil,
nem trocá-lo por outro quisera,
pois já não era simples proteção
para a plantação e na primavera
o espantalho parecia ter coração.
 
A flora e a fauna o tratavam
como se, ali, ele fosse majestade.
Aposentado, por tempo de trabalho,
agora exercia, como rei, autoridade
e, pela meiguice, todos amavam
quem já foi um simples espantalho.
 
                SP – 01/10/09
Fernando Alberto Couto
Enviado por Fernando Alberto Couto em 02/10/2009
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