ESPANTALHO
Boneco de retalhos, improvisado
e hasteado no meio do milharal,
naquele velho sítio do tio João,
com seu enchimento tão secado
pela, constante, exposição ao sol,
perdeu a sua principal função,
virou ponto de repouso do pardal.
Mas o sábio dono daquele sítio
que poderia queimar o inútil,
nem trocá-lo por outro quisera,
pois já não era simples proteção
para a plantação e na primavera
o espantalho parecia ter coração.
A flora e a fauna o tratavam
como se, ali, ele fosse majestade.
Aposentado, por tempo de trabalho,
agora exercia, como rei, autoridade
e, pela meiguice, todos amavam
quem já foi um simples espantalho.
SP – 01/10/09