O APOCALIPSE

Tenho um costume de infância

Sentar no apoio da janela

E repetir sempre a mesma frase

_A vida é bela!

A van toca a buzina

Pra chamar atenção

_Não deixa sua vida passar em vão...

Tenho um hábito noturno

Assaltar a geladeira

A carne frita na panela diz-me:

_Essa vida é passageira!

[Um narguile de essência de menta

Calabresa, farofinha e pimenta

Cerveja] Acne no rosto

O poeta é um monstro

O poeta é um feiticeiro

Com suas idéias

Vai pro fim da fila

E os outros partem primeiro

Não devo nada a ninguém

A não ser às Lojas Cem

Num passeio de trem

Pensei bem... Muito bem!

E cheguei a um consenso

Vou viver a vida com o coração

Sem restringir felicidade

Mas me atentar também ao bom senso

A dignidade e a razão

E chegar tranquilo ao apocalipse da idade

Guilherme Sodré
Enviado por Guilherme Sodré em 02/10/2009
Reeditado em 02/10/2009
Código do texto: T1843742