O APOCALIPSE
Tenho um costume de infância
Sentar no apoio da janela
E repetir sempre a mesma frase
_A vida é bela!
A van toca a buzina
Pra chamar atenção
_Não deixa sua vida passar em vão...
Tenho um hábito noturno
Assaltar a geladeira
A carne frita na panela diz-me:
_Essa vida é passageira!
[Um narguile de essência de menta
Calabresa, farofinha e pimenta
Cerveja] Acne no rosto
O poeta é um monstro
O poeta é um feiticeiro
Com suas idéias
Vai pro fim da fila
E os outros partem primeiro
Não devo nada a ninguém
A não ser às Lojas Cem
Num passeio de trem
Pensei bem... Muito bem!
E cheguei a um consenso
Vou viver a vida com o coração
Sem restringir felicidade
Mas me atentar também ao bom senso
A dignidade e a razão
E chegar tranquilo ao apocalipse da idade