Responsum
Respondo ao aceno da vida
Como quem chora os passos de outrora
Como quem lê um diário antigo
Como quem busca seu último estertor
No amarelo de velhas fotografias.
Respondo ao chamado insistente
Com a dor antiga de quem sente
Que viveu os dias e os eventos
Como folha arrebatada pelo vento
Pousando aqui e acolá
Nos dias de outro alguém.
Ainda assim guardo o sorriso
O velho gosto pelo desafio
E se a luta for iminente,
Com uma ponta de ironia,
A mesma que tem permeado
A vida, os medos e a poesia,
Hei de dizer ao inimigo descrente
Da coragem que meus gestos contêm
Um sonoro e ousado grito: vem!