EGOÍSMO
lisieux
Banqueteio-me e me farto de delícias
de manhã não leio as tais tristes notícias
que fazem as manchetes dos jornais...
não leio sobre fome, nem miséria
as drogas, contrabandos, são pilhéria
com a política, já não me importo mais.
Eles só sabem dizer que os poderosos
insistem em pisar os pequeneninos
que mudam em pesadelos pavorosos
os sonhos de milhares de meninos...
Mas, se em minha mesa provo da fartura
se em minha taça sorvo o melhor vinho
que importa se existe em meu caminho
poluição, desgraça e amargura?
Se tenho cama larga e perfumada
se quem faz o meu café é a empregada
se no meu teto a chuva não penetra...
que importa se a criança abandonada
para cobrir seu corpo não tem nada
e vive de migalhas, na sarjeta?
Que tenho eu a ver com o aposentado
com o doente, com o desempregado?
que sempre trabalhou de sol a sol?
Eu quero, amigo, é viver sossegado,
com o meu cão de estimação do lado,
bebendo Brahma e vendo futebol.
Não quero nem saber do desvalido
que fica olhando com olhar comprido
quando me sento à mesa de algum bar.
Não quero ter que dar nenhuma esmola
e se o meu filho cursa boa escola,
azar daquele que não pode estudar.
A cada dia quero mais dinheiro
para deixar pro meu único herdeiro
e o mundo vai continuar assim:
É dessa forma que eu vou prosseguir
" Pobres sempre haverão de existir" *
então não queira por a culpa em mim!
BH - 20.11.04
07h
(* Jesus Cristo)