DOMINGO, 23h (Saga)

Eu ouço os pingos que caem

Lá de onde os sonhos vivem

E sinto o sangue escorrer

Por onde a vida está.

Uma canção estrangeira agora toca

E a luz só brilha sobre mim.

Enquanto isso você dorme e sonha

E eu quase te posso ver sorrir.

Se a gente se visse mais

Talvez as coisas me seriam melhor.

As luzes de Paris ainda nos esperam

E a cor do teu batom revela

Algo bom e bonito de querer.

Não, não vem ao caso se eu e você

Nos parecemos ou ao menos

A música que eu fiz ontem

Tem a tua cara.

Um gole de café preto

Me mantém ativo noite afora

E eu possa ser esse cara só

Que tanto você gosta.

Alguém que fala sozinho

E mente sobre a dor.

O cara que prefere rir

E ser feliz somente.

Que lava a cara de manhã cedo

E nem assim dá jeito nela.

Que sente medo de pensar demais

E se questiona por que as pessoas sofrem.

Alguém que vê a busca insensata do sucesso

Como algo desumano.

Quando finalmente o sono me chega

Eu percebo que não cheguei

Assim tão longe,

Mas descanso o corpo

Pra fazer melhor no outro dia

Que deve vim a alguns momentos.

E se não houverem mais pingos

Lá em cima ainda estarão os sonhos.

Se não for uma canção de fora

Será uma daqui mesmo.

E se a morte apagar minha luz

Ainda serei o compositor desafinado

(como a maioria)

Tão diferente e meio louco,

O cara só com você,

Pra poder ser eu.

C.A.D. S.T.C.