Entre os astros
Vagando entre os astros,
quase não sou notado.
Não tenho o lume das estrelas,
não desperto nenhuma atenção.
No espaço imenso do mundo,
sou minha própria projeção.
Minhas órbitas silenciosas
não revelam o que tenho ocultado.
Os anéis, que tantos foram,
permanecem numa outra estante.
Os instantes, esses, diversos,
não firmaram nenhum compromisso.
Com os olhos de quem vê o todo,
mantenho um lado omisso.
De tudo o que conheci,
a vivência já me foi o bastante.
Remotas são as galáxias
que guardam milenares segredos.
Fosse eu o visitante,
para outros anéis seriam outros dedos.
Em minhas errôneas escolhas,
registrei o que não foi esquecido.
E se amanhã houver algum passado,
no futuro, o presente eu terei vivido...