ALVORADA
lisieux
Misturo-me aos tons da alva e me diluo na luz
que desvirginiza a calma madrugada.
Quando o dia desperta, nele eu me integro,
partícula da mesma claridade que do sol emana.
Esparramo-me liqüefeita sobre a relva, parte
também da terra úmida, madre, fecunda...
e me deixo absorver por ela. Transmuto-me em
seiva, alimento e, no seu seio, pulso.
Vida!
E fico a interrogar-me como os podem os dias
sobreviver às trevas e renascerem, tão iguais;
os mesmos sons e cores; mesma artística paleta
de luz, se o teu sorriso há muito se apagou
e já não mais me conduz...
BH - 14.12.04