A PAZ
Que venha a Paz!
Venha a Paz sobre nós,
os filhos da Paz
E estenda-se por entre vales
íngremes e estreitos
Que não podemos atravessar.
Venha a Paz,
Desapegando-nos de todos os medos,
Abraçando-nos na solidão
E trazendo, no seu murmúrio,
o cálido canto de primavera
aos corações.
Que venha a Paz sobre nós,
Amantes da Paz
E nos ensine
a afugentar as ambições e vencê-las
com espadas de Amor e Justiça.
Que venha a Paz,
a crivar-se no fundo de toda a violência,
curvando-a, diante de si.
Venha a Paz como procissões,
a reensinar-nos a abrir portas e janelas,
a espalhar cantigas de bocas sorridentes,
por becos e ruelas,
a contemplar a lua
e cantar-lhe o seresteiro.
Que venha a Paz,
deitar-se sobre o leito das paixões,
redimir os corações,
esvoaçando-se pelo ar,
pintando os gestos em abraços,
sorrisos cantados entre estrelas.
Que venha a Paz!
Vertendo-se no vale da vida,
A cantar-nos poemas,
Feliz mensageira.