Adejar
quando o sol nasce
entre os seios da serra,
varrendo o orvalho frio e denso
o caboclo, no silêncio de sua quietude,
tange o gado, vacas ferradas.
taboas carcomidas pelas beiradas
aprisionam as crias,
são compartimentos estanques
onde os berros entristecidos de fome
denunciam o assalto incondicional
que será feito nas tetas de suas mães.
a ordenha mecânica não vacila,
suga o quanto pode
é o ouro branco correndo pelos tubos
como se fossem veios de cristais.
sem possibilidade de reação,
amuadas, reses incansáveis,
não refugam, não choram,
e a vida continua