Esculpir a vida com as letras...
lisieux
Um dia, há muito tempo, me disseram
que eu mesma deveria construir a minha rota,
abrir as trilhas, retirar as pedras,
a fim de palmilhar o meu destino...
Até chegar, findado o meu caminho,
a um lugar de refrigério e paz.
Um dia, há muito tempo, me ensinaram,
que para abrir picadas nesta vida
e vencer os obstáculos que surgissem,
eu deveria utilizar as “armas”
ou ferramentas, que me fossem dadas,
com sabedoria e sem ferir meu próximo...
Eu, louca, procurei à minha volta
por tantas coisas que tivessem forma
de ferramentas, para me ajudar...
vali-me de pessoas, de dinheiro,
de “bens” que adquiri, conhecimentos
que me fossem úteis,
a fim de completar minha jornada.
Por muito tempo, eu me achei perdida
e fui deixando que a erva daninha
tomasse conta dessa minha estrada...
Porém um dia, levantei-me cedo,
e no meio da picada, assim, sozinha,
elevei os olhos para o firmamento,
fiz um poema triste, um verso solto,
talvez pra amenizar a minha dor.
Interessante é que um passarinho
do alto de uma árvore, escutou meu verso
e o imitou, cantou de peito aberto...
E como fosse milagrosa foice
meu verso-passarinho abriu no mato
um caminho perfumado, bem florido.
E eu entendi que só minha palavra
usada com amor, labor e arte
é capaz de me abrir os horizontes,
esculpir meus sonhos, me levar ao topo
da mais alta das montanhas...
e mesmo ao céu,
onde as estrelas habitam.
BH – 13.03.05