Poeta Moribundo

Chora só o escritor

Alma de quem não existe

Viver num mundo triste

De realidade e dor

Como dói a mente do escritor

Que sonha acordado e chora

Pois preso no que há fora

Não se livra do interior

Que grita e berra e treme

E sofre e busca refúgio

Como um homem de vetrúvio

Medido e pesado geme.

Enxerga no arredor

Miragens de seu amor

Desperta dentro o furor

Por ser pura ilusão

O corpo como um caixão

Soterrado em verdades nulas

Que não levam senão as chulas

Interpretações de um ser

Faltando-lhe o poder

De transpor dimensões visíveis

Ao manterem-se sensíveis

A alma e o espírito

Acorda então com o grito

Do vento real de junho

seu frio desperta o mundo

E para de escrever.

Alexandre Fernandes
Enviado por Alexandre Fernandes em 28/06/2006
Reeditado em 04/07/2006
Código do texto: T183865