Poeta Moribundo
Chora só o escritor
Alma de quem não existe
Viver num mundo triste
De realidade e dor
Como dói a mente do escritor
Que sonha acordado e chora
Pois preso no que há fora
Não se livra do interior
Que grita e berra e treme
E sofre e busca refúgio
Como um homem de vetrúvio
Medido e pesado geme.
Enxerga no arredor
Miragens de seu amor
Desperta dentro o furor
Por ser pura ilusão
O corpo como um caixão
Soterrado em verdades nulas
Que não levam senão as chulas
Interpretações de um ser
Faltando-lhe o poder
De transpor dimensões visíveis
Ao manterem-se sensíveis
A alma e o espírito
Acorda então com o grito
Do vento real de junho
seu frio desperta o mundo
E para de escrever.