Lembranças de uma Infância

Trauma

Miscelânea

Persegue e te acalma

Quando menina, quando criança

Assim vive sem a alma

Casinha de boneca,

Panela, fogaozinho

Põe o leite na caneca

Leva pra teu sinhozinho

Todo dia de manhã

O leite, a cabrinha

Todo dia de manhã

O cabresto, a covardia

Cuida dos brinquedos

Guarda os trapos da bonequinha

Cobre aqueles seios

Dá infância pra negrinha

Brinca de roda, dança

Foge da cabala

Arruma-te, faz as tranças

Terá festa na senzala

Mas isso se não fosse...

Os abusos, a escravidão

Se fosse da negrinha a posse...

da alforria, da libertação

Era de noite na casa grande

a surra, a humilhação

O batuque, aquela maldade

A menina numa prisão

Todo dia a agonia,

o talhe do patrão

Fugia sempre pra coxia...

do açoite, logo a sofreguidão

Lembranças no corpo quente...

a tristeza da pele nua

As raízes já não mais sente...

a saudade, uma alma crua

Que história a bonequinha!

Que história tem a contar?

Faz- de- conta de menininha...

ou as feridas por revelar?

Passado de vazio

Dorme e sonha no sonhar

Mas o sonho infantil...

Perde-se no acordar

(*Abro minhas poesias com essa, que é a primeira da qul tive certeza de que eu poderia ser escritora. Nem isso...mas que poderia ser lida com vontade e me sentir realizada com meus escritos.)

1 lugar - concurso Em Busca de Novos Talentos 2004

Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina

aLa
Enviado por aLa em 28/06/2006
Código do texto: T183839