Aos Olhos do Poeta
O poeta é passageiro de seus olhos,
eterno viajante no olhar,
e mora na estrada onde segue
partindo sem saber onde chegar...
Nos olhos do poeta o universo
transita por avessa trajetória...
O mundo se compõe sempre in-verso
porque se faz de dentro para fora.
Por isto o poeta tem visagens,
são várias as visões que ele traduz
e tanto se encanta na paisagem
que, às vezes, os seus olhos choram luz.
O poeta é viajante das auroras.
Hospeda-se clandestino no arrebol.
E mesmo sem sair de onde mora
navega qual se fosse girassol...
Gravita por galáxias, oceanos
pois tem o céu no mar e o mar no céu.
Inventa itinerários pelo tempo,
marujo nos seus barcos de papel.
Aos olhos do poeta um anjo encena
o que não se traduz e não se grava
porque ao seu olhar o caos se ordena
e o homem se eterniza na palavra.