TERRA
lisieux
Sou terra árida, sem vida, assim tão seca...
só poeira , sem flores e sem viço.
Sou canteiro onde não nascem sementeiras
onde não há nenhuma folha verde
nem galhos a brotar,
na primavera...
Sou terra úmida, molhada pela chuva
que é a lágrima do céu, que a dor derrama...
Apenas lama... sou charco, lodo, areia,
sou pedra, pedregulho, liso, limo.
Apenas barro, sem o sopro,
sem a ânima...
Porém sou terra reciclável pelo sol
e nas entranhas, ainda guardo minhas garras
que são raízes fundas, destemidas,
que insistem em se expandir,
não se entregar...
E saem do meu seio essas raízes
os galhos aparecem, tão franzinos
lutando contra ventos, intempéries...
E teimam em criar asas
e voar!
Pequenas folhas vêm fazer a fotossíntese,
fotografar o azul, sintetizar a vida...
E da poeira vermelha,
exangüe, denso sangue,
poesia
nasce...
(inspirada em Canteiro, de Andréa Motta)