Há um jumento a sua espreita ...

Eita!

Que descobri a essência desta feita.

Tenho buscado, com fé, em quase seita

a verdade que a todos aproveita.

E, se quem acredita não aceita,

ou se a engrenagem não azeita,

é que há um jumento a sua espreita.

Psiu!

Se é certo o quase orgulho juvenil,

há também a lucidez quase senil

a nos levar - a todos - ao funil.

E só o jumento é que não viu

que quem vai súbito de zero a mil

Vai à certeira puta que o pariu!

Terra!

Jumento é cabrito que não berra.

Levante a mão aquele que não erra

e verá que o afeto não se encerra

até que se deflagre bela guerra.

Mas se não for daquele que emperra

Ou dá o morro ou desce a serra.

Basta!

O bom jumento é aquele que não pasta.

O bom dinheiro, o que não se gasta

a escova, a que os dentes não desgasta.

Se, da amada, o amor de vero não se afasta

E se faz de toda dor eterna festa

A vida não pode, assim, ser tão nefasta.

Bardo Setelagoano
Enviado por Bardo Setelagoano em 27/09/2009
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