Há um jumento a sua espreita ...
Eita!
Que descobri a essência desta feita.
Tenho buscado, com fé, em quase seita
a verdade que a todos aproveita.
E, se quem acredita não aceita,
ou se a engrenagem não azeita,
é que há um jumento a sua espreita.
Psiu!
Se é certo o quase orgulho juvenil,
há também a lucidez quase senil
a nos levar - a todos - ao funil.
E só o jumento é que não viu
que quem vai súbito de zero a mil
Vai à certeira puta que o pariu!
Terra!
Jumento é cabrito que não berra.
Levante a mão aquele que não erra
e verá que o afeto não se encerra
até que se deflagre bela guerra.
Mas se não for daquele que emperra
Ou dá o morro ou desce a serra.
Basta!
O bom jumento é aquele que não pasta.
O bom dinheiro, o que não se gasta
a escova, a que os dentes não desgasta.
Se, da amada, o amor de vero não se afasta
E se faz de toda dor eterna festa
A vida não pode, assim, ser tão nefasta.