PEDRA BRUTA

Nem imagem, nem semelhança

com quem quer que seja,

com um deus ou demônio,

ou animal, ou qualquer coisa.

Sou vestígio sem paradeiro

sou um verme, sou borboleta;

faço das tripas coração,

mas desistir? Eu não!

Quem te disse que

sou ponderada

ou acessível,

ou inocente rês

neste curral das gentes ?

Sou mesmo enviesada,

e tenho minhas veleidades,

minhas portas não se abrem

ao sabor dos ventos

de alheias vontadesl

Meu palácio é sítio cercado

e tenho esta torre

de onde aprecio

à segura distância

o viajante aventureiro

atraído pela paisagem.

Mas desço do meu pedestal, isso sim,

quando a minha vontade assim decide

e quando me faz gosto a convivência

E tenho minhas ternuras guardadas

e delas não sou avara, basta que

alguém as saiba encontrar

Não me submeto às vontades

nem aos gostos alheios,

quando muito faço acordos

se valer a pena a contenda!

Não sou prenda que se venda

a um mero sorriso ou agrado

comigo não vem de lado

quero tudo bem às claras.

Sou tal planta com espinhos

nativa e avessa a jardins

resistente aos predadores,

e no clima ameno de tua presença

me encho de flores.

Ao toque de mãos carinhosas

de ternos e outonais amores

ofereço meus doces frutos.

Sou fortaleza tão frágil

aos teus ventos e chamados

mas pertenço a este chão

a estes brejos, paisagens,

sou pedra bruta, aqui sou inteira

Não passarei da porteira

e te guardarei no meu coração!

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 27/09/2009
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