OS DESAPARECIDOS DE HAMELIN

Quando eu escuto as crianças cantarem,

Tento acompanhar com minha voz cansada

De adulto, o seu pique e sua corrida atrás da bola;

Do doce, da pipa e do outro num pega-pega.

Elas cantam na calçada, na rua, na varanda

Da titia, num parque de diversão, na praça

Da alegria como o céu é do arco-íris!

Quando escuto as crianças cantarem, me lembro

Que também já fui criança p'ra cantar e acreditar.

Que já tive medo de tudo e era poeta ao fazer

De conta em meu carrinho voador.

Fui criança p'ra desenhar um sol com o giz

E ter como namorada a barra das saias da mamãe.

Quando escuto as crianças cantarem, me lembro

Do passado diante de um futuro, visualizando

Um mundo melhor e encantado.

De bonecas falantes, desenhos animados, luas de queijo

E inimigos de video game.

Elas cantam músicas de roda sampleadas por um DJ.

Elas brincam de serem adultas p'ra rirem de si mesmas

Ou se arrependerem depois.

Seus amigos imaginários se tornaram virtuais.

Seus super-heróis(com suas cuecas sobre as calças)

Foram trocados pelos marginais.

Porém minhas crianças canoras, são como as do flautista

De Hamelin, desaparecidas e seguras, sendo algumas

Encontradas nas ruas dos bobos e na do sabão.

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http://reinodalira.wordpress.com)