Meus dias delírios de ócios
Minhas horas consumadas
Nesse desfazer-se em delírios
E consumar-se nesses ócios
Cegar-se com abundância de luz
Que tanto se desperdiça

Meu siêncio nada mais que um grito
Sufocado, calado não sei onde no peito
O feito já desfeito satisfeito
Perfeito no que se tem de imperfeito
Um pretérito de todo o medo
Uma certa preguiça imperativa
De um futuro incerto para qualquer coragem
Desses míseros sonhos que são vendidos
Em troca de nada caro para a alma

Passos marcados em tantos descaminhos
De um caminhar em vão, aonde vão?
Sempre um lamento na mais certa hora
Um canto de outrora por ora silêncio
Saudade do que ainda se vai ser
Quando o que fomos é estarmos mortos
E vencidos em luta nenhuma
Lembrados agora em nenhuma canção

Era dura a luta e éramos jovens
Estarmos velhos é ser a luta outra
Delírios inconsumíveis dessas horas
Nesses ócios de meus dias consumidos
Não me resta agora absurda coragem
E nem ócios vãos e vãos delírios
Nem me resta luta alguma
Só as horas

 
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 27/09/2009
Reeditado em 07/09/2021
Código do texto: T1834458
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