SAUDADE
lisieux
Saudade batendo, lanho em meu lombo dolorido.
Tua lembrança, bátega de temporal
destelhando meus refúgios,
deixando-me nua ,
desprotegida na solidão da madrugada.
Tua sombra, densa a me cobrir, envolvente,
toma conta da minha mente,
povoa fantasmagoricamente meus instantes.
O presente é mar de tempestade,
a arrastar-me para profundezas insondáveis,
longe da tépida areia, das marcas de pés, sempre aos pares...
O vento é canção solitária, monocórdia,
sempre o mesmo estribilho, uma só nota...
trazendo à lembrança uma melodia de quintais,
cada vez mais distante.
A tua lembrança é inseto impertinente...
pernas de aracnídeo caminhando, lentas,
sobre a minha pele, arrepiando histórias,
tecendo teias de pesadelos e porejando
saudade.
BH - 06.02.04
03h40m