Subjugado

Às vezes fico contente, coisa séria,

Pois olho ao redor e não vejo a miséria.

Parece que ela deixou de existir,

Mas logo percebo que nunca vai partir.

Ela vai para longe de onde meus olhos alcançam,

Mas está bem dentro do meu inexorável subjetivismo.

Ela é fruto da semente do egoísmo que mora em mim,

Desse e do imenso narcisismo que guia meus passos.

O que torna a cada dia maior o meu sentimento de impotência.

Sentimento indecente, pois nada faço para que melhore.

Somente assisto ao que se passa, enquanto sinto que nada sou,

Frente ao abismo intransponível entre o meu eu e eu mesmo.

Um que quer fazer tudo para que esse mundo desabe.

Ser o terrorista, que a tudo explode e faz com que tudo acabe.

O outro, que por comodidade, aceita que é melhor assim.

Contribui para que nada tenha, nunca, o verdadeiro fim.

Quer um mundo melhor, mas não encontra nada errado neste.

Acredita, piamente, que ele não tem como deixar de ser ruim.

São esses dois que refletem o que há de mal e de bom em mim.

Brasília-DF, 10 de setembro de 2009.