Não me condene toda essa confusão interior
É tanto amor misturado com coisas tantas
Numa mesma forma e no forno assando
Passando do ponto e queimando
Perdoe-me se quiser quando puder
Os passos que levam até você
E as lágrimas que afligem
Se afligem ou incomodam
Perdoe-me existir
E aparecer no seu caminho
Ter entrado na sua vida
Pela mesma porta por que saí
Perdoe-me viver à sombra
De tudo o que você não me deixou ser
Não me queira mal mais do que já quis
Não tenha por mim raiva ou pena
 
Ou melhor, não tenha nada
Que já estou acostumado
Mas não tenha repugnância
Não me veja como o estorvo de sua vida
O contrapeso de suas boas lembranças
Não me odeie mais do que eu mereça
E não me mate mais do que o possível
Não me esqueça mais do que o necessário
E nem me despreze mais do que o suficiente
Não me deixe plantado na sua frente
Mais que o suportável
Não me deixe dizer mais do que o fútil
Que é útil (ou inútil?)
E não deixe por fim de comparecer
Ao enterro de minha última esperança
Nem à festa de aniversário de meu desespero
E quando eu tiver ido, por favor
Crie minha angústia
Como se ela fosse sua
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 27/09/2009
Reeditado em 07/09/2021
Código do texto: T1833856
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