Trago
Entranhado
O que trago estranhado
Um olhar entre árvores
Uns passos
Entre pensamentos

Trago
Um gosto amargo
De uma noite
E seu silêncio
Num quase grito
De uma corte de fantasmas

Trago
Mais um trago
De um veneno que alivia
Num gole e noutro gole
Numa baforada
De quase nada
Trago
Entranhada
A alma

Trago
Raízes profundas
Evisceradas
Como quem quer andar
Com o olhar por entre troncos
E deitar entre folhas
E desencontros
De tantas escolhas

Trago
Enraizado na alma
Um grito vazio ecoado
E infinito de tanto nada
De desfeitos feitos
Entranhados
Que trago esquecidos
E imperfeitos
Nas folhas pisadas
De todos os caminhos
Percorridos
Em silêncio

Trago
A palavra não ouvida
A mais maldita não dita
Por entre árvores
E troncos
E folhas pisadas
Trago o medo
De esperanças cansadas
Da vida também pisada
Entre troncos
Morta como as folhas
Entranhada na alma
Na alma estranhada
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 27/09/2009
Reeditado em 22/09/2021
Código do texto: T1833848
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.