Na falta de luz, uso o isqueiro?
Hoje é sábado.
E porque é sábado
lanço as letras
num tablado
para que criem formas
e se unam.
Dou a elas todo espaço.
Peço frases.
Peço versos.
Ofereço-lhes acentos,
vírgulas, cedilhas
algum ritmo
e todo compasso.
E as letras se amontoam.
Fazem complô,
boicote, estardalhaço.
E me presenteiam
apenas com duas frases:
- Dôra dê-nos sossego,
hoje é sábado,
não estamos inspiradas.
- Vamos a uma balada
dançar rock, axé e samba
com as letras do dicionário.