Guerra Santa

Sob o olhar de quem não me quis

eu me afastei.

Sob o sonho desfeito

eu respirei.

Sob as bordoadas de todos os lados

eu me abaixei.

Sob o silêncio de todos,

gritei.

Sobre meu mundo que caiu,

pra ninguém nada falei.

Sob o tempo que chorei,

desabei.

Sobre a música romântica,

a minha surdez.

Sobre o que viria depois,

minha insensatez.

Sob a minha covardia

a minha coragem.

Sob meus pés

o chão falso.

Sobre o pânico que me abateu,

a minha embriaguez.

Sobre a solidão,

o meu cigarro.

Sobre tudo de novo,

inventei.

Sob todo o calvário dos dias,

me arrastei.

Sob toda insônia,

erva-doce.

Sobre quem sou,

um não sei.

Sob a facada nas costas,

muita sorte.

Sobre o golpe fatal,

um corte.

Sob lágrimas,

um monte.

Sobre o papel de bôbo,

meu disfarce de mágico.

Sob o trágico,

a minha tragédia.

Sob o cômico,

eu mesmo.

Sobre a opinião da média,

eu, tonto.

Sob o meu despertar,

meu encanto.

Sob a minha força,

a minha esperança.

Sob os dias de queda,

minha guerra santa.

Sobre o meu recomeço,

ninguém conta.

Sobre a minha vida,

nem eu.

Sob o céu que me enxerga,

meus olhos e os olhos de Deus.

Paulo Henrique Frias
Enviado por Paulo Henrique Frias em 26/09/2009
Código do texto: T1833636
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