Guerra Santa
Sob o olhar de quem não me quis
eu me afastei.
Sob o sonho desfeito
eu respirei.
Sob as bordoadas de todos os lados
eu me abaixei.
Sob o silêncio de todos,
gritei.
Sobre meu mundo que caiu,
pra ninguém nada falei.
Sob o tempo que chorei,
desabei.
Sobre a música romântica,
a minha surdez.
Sobre o que viria depois,
minha insensatez.
Sob a minha covardia
a minha coragem.
Sob meus pés
o chão falso.
Sobre o pânico que me abateu,
a minha embriaguez.
Sobre a solidão,
o meu cigarro.
Sobre tudo de novo,
inventei.
Sob todo o calvário dos dias,
me arrastei.
Sob toda insônia,
erva-doce.
Sobre quem sou,
um não sei.
Sob a facada nas costas,
muita sorte.
Sobre o golpe fatal,
um corte.
Sob lágrimas,
um monte.
Sobre o papel de bôbo,
meu disfarce de mágico.
Sob o trágico,
a minha tragédia.
Sob o cômico,
eu mesmo.
Sobre a opinião da média,
eu, tonto.
Sob o meu despertar,
meu encanto.
Sob a minha força,
a minha esperança.
Sob os dias de queda,
minha guerra santa.
Sobre o meu recomeço,
ninguém conta.
Sobre a minha vida,
nem eu.
Sob o céu que me enxerga,
meus olhos e os olhos de Deus.