CANTIGAS DO MAR DE VIGO

Coloco na boca um pedaço de chocolate

E quando bem molhado estiver

Eu beijo a poesia

Lambisco devagarinho

Pedacinho a pedacinho

Suavemente

Até que não me resista

Até se entregar

Aí eu tiro o vestido

E vou beijando

Todo o seu corpo

E deixo seus cabelos em desalinho

E o mais que tiver eu retiro

E converso no seu ouvido

Esqueço depois do que digo

Contanto que me dê versos

Bem macios

Como os das cantigas do mar de Vigo

Feche os olhos, dona moça

Só não deixo você dormir

Não fuja pela janela

Que eu viro águia

Não saia pela fechadura

Nem embaixo da cama se esconda

É o tempo da escravatura

Eu te prendo na cabeceira da cama

E te amo a noite inteira

Até você compreender

Que sem mim você não vive

E eu morro sem você