ATREVIDO
Como ousaste, atrevido,
Invadir minha privacidade,
Tirar meu sossego, meu sono?
Era madrugada quente
De céu pleno de estrelas,
Começou a cantilena
E o sol nem havia raiado.
Raivosa, fui até a janela
E lá estava o menestrel
Declarando o seu amor
Com solfejos de beijos,
E promessas de loucuras
Nos momentos de orgias
Influenciados pela lua
Nas almas apaixonadas.
Caminhou entre flores e folhas
Com seu porte de guerreiro,
Mas o canto altaneiro
Proclamava para o mundo
O seu desejo profundo
De unir o seu corpo
Ao da amada distante,
Impassível no telhado
Ouvindo o canto clamante.
Eu, parecendo uma coruja,
Olhos arregalados na noite
Imaginava a solução
Para o fim daquela ópera,
Cantada por um gato impertinente,
Em irritante Mi ....auuuuuuuuuuu.
20/05/05.