O evolucionar das mulheres
Passando na rua avisto uma donzela.
Olhar fugaz que se cruza, o meu e o dela.
Sinto um arrepio qual uma procela,
Mas não é só por ela ser assim tão bela.
Mas porque imagino se será aquela.
A de outrora que enfeitava o lar.
Vivia enclausurada, como em uma cela.
Não cobrava nada só conhecia o doar.
Dedicava todo o tempo aos filhos,
O marido chamava de senhor.
Trajava seus apertados espartilhos
Que provocavam uma enorme dor.
Talvez menor que a do seu peito,
De sentir a forma como era tratada,
O desprezo sempre teve seu efeito,
A fazia sentir-se triste, abandonada
Por isso foi atrás, conquistou direitos,
Os privilégios próprios dos seus pares.
Muitos destacaram como seus defeitos,
Causando novamente grandes pesares
Dizer que por serem assim tão delicadas,
Também sensíveis, não daria outra
Não deveriam sequer ser politizadas
Ombrear com homens? Ora que afronta!
Foram conquistando seu lugar ao sol.
Os preconceituosos deixaram ao largo.
Agora, se comparam mais ao arrebol.
Esqueceram como o trajeto foi amargo!
Não querem mais o lugar que foi almejado.
Hoje estão num patamar bem mais acima.
O lugar dos homens, deixou de ser desejado.
Não mais delicadas, mas tampouco cretinas.
Uma nova raça foi o que se criou,
Sensibilidade agora causa furor.
Fofocar nas vizinhas? Que isso, não vou!
Dar uma escapadela? Nossa que horror!
Melhor a do passado ou será a do presente?
A de hoje parece muito independente.
A de outrora era bem mais previdente.
Será que sou só outro machista novamente?
Melhor que elas decidam o que realmente são.
Sensíveis, delicadas, dedicadas, isso parece bom.
Extrovertidas, divertidas, mesmo fazendo serão?
É difícil, mas se elas podem, por que dizer não?
Mas aquela tão linda debruçada na janela.
Essa não há dúvida, é das antigas, eu sei
Como? Simples, além do olhar fugidio dela.
Deu-me uma piscadela e foi aí que gamei.
Brasília-DF, 08 de agosto de 2009.