O prazer da abstração
Quimera da singela dama
Vestida de forma vulgar
Que nas noites é aragana
Mas ao sol não conquistou o lugar
Em seu leito onde o amor profana
Recebendo pelo que nunca irá dar
Só lá é adorada e proclama
Que sua vida será sempre ao luar
Ela não passa de reles cigana
Entrega-se sem sequer um olhar
Vende o corpo de alma insana
Abstração tem o dom de escravizar
Procura a dignidade de uma Roxana
Sem paixão, também, vai se entregar
Somente por pão e choupana
Negocia com o que deveria doar,
Pois eis que ainda emana
De sua pele a embriagar
O ardor da vida mundana
Dessa que jamais sairá
Aquele que carrega a chama
Da paixão que virá libertar
Essa dama da vida que clama
Pelo que a virá libertar.
(Donzela de proxeneta)
Brasília-DF, 24 de maio de 2.009