Não me vem o poema
Que diria a todos tudo
Que explicaria o dilema
Esse olhar e essas lágrimas
O motivo de calar
Essa vocação de não estar
De outro modo que não triste
Essa falta de desejar
Estar ainda vivo
Para tudo quanto existe
Não tem mais esse poema
Razão de ser
Em mim não tem
Por mim ele não vem
Deixou-me até mesmo ele
Mais triste que sozinho
Mais calado que solitário
Essa solidão que me é tão própria
Como deve ser a solidão
De quem precisa escrever
Poemas
Quem sabe o que é sentir-se assim?
Quem sabe o ar pese ao redor
Um chão sob os pés se desfaz
E se abre, a gente cai, por onde vai?
Por onde vai arrasta um par de asas quebradas
A cabeça baixa, um peso, olhar morto
A esmagar-me a alma
E a encurvar-me o corpo
Sou o vulto que passa
E na vida desvanece
E se esquece uma sórdida sombra
Nos assombra a tola busca
Talvez por outros amanhãs
Lindas auroras de uma outra luz
Luz, enfim, apenas luz
Que deve haver no poema
No poema que não vem
Que diria a todos tudo
Que explicaria o dilema
Esse olhar e essas lágrimas
O motivo de calar
Essa vocação de não estar
De outro modo que não triste
Essa falta de desejar
Estar ainda vivo
Para tudo quanto existe
Não tem mais esse poema
Razão de ser
Em mim não tem
Por mim ele não vem
Deixou-me até mesmo ele
Mais triste que sozinho
Mais calado que solitário
Essa solidão que me é tão própria
Como deve ser a solidão
De quem precisa escrever
Poemas
Quem sabe o que é sentir-se assim?
Quem sabe o ar pese ao redor
Um chão sob os pés se desfaz
E se abre, a gente cai, por onde vai?
Por onde vai arrasta um par de asas quebradas
A cabeça baixa, um peso, olhar morto
A esmagar-me a alma
E a encurvar-me o corpo
Sou o vulto que passa
E na vida desvanece
E se esquece uma sórdida sombra
Nos assombra a tola busca
Talvez por outros amanhãs
Lindas auroras de uma outra luz
Luz, enfim, apenas luz
Que deve haver no poema
No poema que não vem