Paris
Paris está exposta,
mas loura Mariane sonega qualquer resposta.
Borbulha o "champã"
no fim de noite, quase manhã
Pouco mais acima, vê-se o cartaz de Louis Mahle
que nos conta do Homem/ovelha
que nem chora, quem nem bale.
É a doída "lana caprina",
que me espia em cada esquina.
O velho do Acordeon,
embaixo do cartaz em neon,
toca "Sob o céu de Paris".
Por instantes lembro que já fui feliz.
Além, depois da Sétima Arte,
vejo a ontologia de Sartre.
E pensar, Simone, o quanto te amei ...
Por que, mulher, saíste daquele pedestal
e atravessastes o burguês umbral,
onde a tua (a nossa) carência
impede o exercicio da independência?
Ao meu lado sinto o gosto de M. Bovary.
Incerto se devo ir
e sem saber como partir.
Tudo ficou, Guy.
E tudo estava aqui ...
Em qual zanga ficamos, mestre Marcuse?
O "Sistema" continua igual
de quando lhe chamavamos de "Grande Mal".
Resta-me Zola, saber-te e pensar-me "Germinal".
- "Oui, Oui
C'est la vie" ...
E como fez o tão chileno Neruda,
lembrar que a vida
nem sempre foi muda.
Para Elisabeth.