Ando, esquecido
Ando esquecido de tudo
Por tudo ter-me esquecido.
Com o que nunca me iludo
É saber-me agora perdido.
O que me movimentava na vida
Era um lago sombrio, enfadonho.
Foi o que vislumbrei na partida
E com ele, dia a dia, é que sonho.
Jamais no caminho o avisto,
Por isso ando sempre tristonho.
De saber que nem mais existo,
Pois afastei-me do meu sonho.
Mesmo se vejo alegria num olhar,
Em viver só e triste é que insisto.
Se por horas fico olhando ao mar
Após, continuo andando, contristo
Quiçá chegará o dia de encontrar
O plácido lago que um dia sonhei,
Nesse dia espero poder mergulhar
Em mim mesmo, pois que abandonei.
Ao deixar a terra que amava,
Ao fazer-me assim desterrado.
Virei esse fantasma que vagava.
Agora, não mais, sinto-me parado.
Hoje desisto de jamais desistir,
Abandono a vida que nunca vivi.
Cansei da procura terei que partir
Agora vi meu lago, está logo ali.
Brasília-DF, 12 de julho de 2009.