A Bailarina

A bailarina dança

lembrando-me de quando eu era criança,

ouvindo sair da caixinha a música guardada

que ia sendo tocada,

depois da chavinha na borda

que várias voltas na corda eu dava.

A bailarina rodopia e,

de tanto que ela roda e roda,

‘inda me vejo como aquele menino

com o meu olhar vidrado na peça,

focando sem pressa o eixo de uma das pernas firmada

e o resto do corpo no seu movimento pro lado.

A bailarina gira e juntos bailamos curvas no espaço.

Ela, as diversas no ar formando seus ventos e eu,

as curvas do tempo no pensamento.

O redemoinho da minha visita

àquela infância tornada presente.

A bailarina põe fim aos seus movimentos

e graciosamente ela estanca.

A música junto termina,

parando os sopros de todos os ventos.

Levanto-me do assento e a aplaudo de pé.

Ainda restam alguns fragmentos teimosos na minha memória,

encapsulados pelos volteios da bailarina

naquele palco fantasioso da caixinha musical.

Paulo Henrique Frias
Enviado por Paulo Henrique Frias em 24/09/2009
Código do texto: T1829164
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