ONTEM, HOJE E AMANHÃ
ONTEM, HOJE E AMANHÃ
Um dia meu rosto era amanhã
e em alguma manhã,
feito mágica,
meu rosto desconfigura no embate do tempo.
O brilho do olho ficou,
mas do olhar, a terna lembrança do rosto que amei
é o que resta.
O respirar, o tatear, o sabor do beijo doce sobrevive dos ontens
que se surtaram, surpresos,
com chicotadas que o tempo me deu no rosto...
Ontem eu era manhã, tu eras o sol SEM PINO,
Hoje, sou de ti meio dia e foges descontente com minhas metades,
Amanhã, a noite do existir fixará em mim residência,
paciência não mais serei pra ti.
Ontem, viçosa, meu inverno te fecundou.
Hoje, teu verão não aquece minhas lembranças e
Amanhã, quando meu outono me aprisionar,
não quero agasalhar tuas folhas secas.
Ontem, quando eu era o DIA, não dei a ti meu infortúnio,
Hoje, em qualquer MÊS, não serei indez de outrem,
senão do êxtase que ser livre deixa, sem queixa.
Amanhã, ANO perene, serei bissexto:
quero-me mais um dia no retiro para que a NOITE dure,
O OUTONO me certifique, enquanto a luz não se apagar no “cafofo” do existir...
CARLOS SENA, DOS ARRE (DORES) DE BOA VIAGEM, NO RECIFE-PE