RESPIRO ÁCIDO/ FULIGEM/ CIDADE
Já fui pedra bruta
Chão duro/seca/ sertão
Estrada
Me fiz peça talhada/ cidade
Concreto aço granito
Dor e pranto
No asfalto me ajeitei
Mas falta mato
Pro meu coração
Estou aqui inteiro
Ou quase
À beira do abismo
Caos/ trânsito/ viaduto
Rimo tudo com aflição
Gosto disso tudo
Louco no olho do furacão
Sigo à margem/ periferia
Ali não há caminho/ futuro
Só atalho
Alegria é pouca
Feras à espreita
Tudo é fortuito
E escapa-me à mão.
Moro longe
Paga à vista
O dia de amanhã
Estou à parte
Quase nada é o que me cabe
O meu arranco com garra
todo dia com raça
respiro ácido fuligem
cidade