Santa folia
Santa folia
Um quê de sagrado existe no olhar
e no desejo que te acompanha.
Um quê de profano e venal me aflige
quando o insano em mim esparrama-se
transmutado em paixão
vulcão que arde espalhando larvas.
O gozo antecede e acende-me fornalhas.
O termômetro é o desejo latente
que acende a lareira e aceita um vinho
tinto do desejo da carne.
Adormecidos em santa folia
o sagrado encontro com o profano
esquecidos da regras e convenções.
Alerta há um santo respeito que renegam o fato.
Acordados digladiam-se
e abominam essa folia santa
onde o prazer e o pecado
caminham por veredas inabitadas
em perfeita complacência
na sinuosa delinquência
cujo pensar é coisa para depois
e a vida é mero passa_tempo.
Há o esquecimento de quão
despudorado é o frenesi da paixão
e quão saborosa é a irreverência.
*Fátima Mota*