Santa folia

Santa folia

Um quê de sagrado existe no olhar

e no desejo que te acompanha.

Um quê de profano e venal me aflige

quando o insano em mim esparrama-se

transmutado em paixão

vulcão que arde espalhando larvas.

O gozo antecede e acende-me fornalhas.

O termômetro é o desejo latente

que acende a lareira e aceita um vinho

tinto do desejo da carne.

Adormecidos em santa folia

o sagrado encontro com o profano

esquecidos da regras e convenções.

Alerta há um santo respeito que renegam o fato.

Acordados digladiam-se

e abominam essa folia santa

onde o prazer e o pecado

caminham por veredas inabitadas

em perfeita complacência

na sinuosa delinquência

cujo pensar é coisa para depois

e a vida é mero passa_tempo.

Há o esquecimento de quão

despudorado é o frenesi da paixão

e quão saborosa é a irreverência.

*Fátima Mota*

FATIMA MOTA
Enviado por FATIMA MOTA em 23/09/2009
Código do texto: T1827337
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