Então me querem uma pedra
Estático prático enfático
Essa coisa que não pensa
Deseja apenas
Essa coisa que não sente
Apenas quer
O que querem
Que queira
Então me querem um número
Mais um na multidão
Estatístico não artístico
Essa coisa que não conta
Apenas é o que não se vê
Essa coisa que não importa
Esse mero zero à esquerda
Que apenas existe insiste
Em obedecer
O que mandam
Que seja
Então me querem uma parte
Da manada da cambada de nada
De braços erguidos votando sim ou não
Conforme o que convém a cada ocasião
Conformado alienado desacorçoado
Desesperançado desacordado
Amansado inofensivo
Para dizer sim
Quando o certo é não
E para dizer não
Quando o certo é assim
Simples assim
Então me querem morto
Só o que o dia amanheceu
O sonho acabou
E a realidade se fez
Mais que uma palavra
Tudo o que nos resta
Então sou uma pedra
No caminho no sapato
Bem no meio da sua testa
Então sou um grande número
Sou multidão a parte e o todo
Eu sou o tudo que me resta
Eu sou o estouro da manada
Que não sabe certo ou errado
Porque o certo é correr
E atropelar seu fuzil e seu canhão
Sua caneta em seu gabinete
Seu cagaço debaixo do terno
Então sou essa mão
De obra boa e barata
Farta e manipulada
Essa mão empunha
Espada e escudo também
Essa mão de poeta
Se fecha se for preciso
Para mudar o mundo
Ou para lhe tirar a máscara
Eu sou essa mão na sua cara
Acordar à tapa sua mente tapada
Entupida de tanto entojo
Por mim
Por lhe sentir nojo
Então me querem longe
Mas estou perto e fundo
Na sua consciência
Esse peso esse trauma
Essa falta de sono e calma
Eu sou gente
Não sou pedra
Nem número
Nem gado
Eu sou gente
Como sua filha
E seu filho
Como sua mãe
E seu pai
Como sua irmã
E seu irmão
Como você
E todos outros
Estático prático enfático
Essa coisa que não pensa
Deseja apenas
Essa coisa que não sente
Apenas quer
O que querem
Que queira
Então me querem um número
Mais um na multidão
Estatístico não artístico
Essa coisa que não conta
Apenas é o que não se vê
Essa coisa que não importa
Esse mero zero à esquerda
Que apenas existe insiste
Em obedecer
O que mandam
Que seja
Então me querem uma parte
Da manada da cambada de nada
De braços erguidos votando sim ou não
Conforme o que convém a cada ocasião
Conformado alienado desacorçoado
Desesperançado desacordado
Amansado inofensivo
Para dizer sim
Quando o certo é não
E para dizer não
Quando o certo é assim
Simples assim
Então me querem morto
Só o que o dia amanheceu
O sonho acabou
E a realidade se fez
Mais que uma palavra
Tudo o que nos resta
Então sou uma pedra
No caminho no sapato
Bem no meio da sua testa
Então sou um grande número
Sou multidão a parte e o todo
Eu sou o tudo que me resta
Eu sou o estouro da manada
Que não sabe certo ou errado
Porque o certo é correr
E atropelar seu fuzil e seu canhão
Sua caneta em seu gabinete
Seu cagaço debaixo do terno
Então sou essa mão
De obra boa e barata
Farta e manipulada
Essa mão empunha
Espada e escudo também
Essa mão de poeta
Se fecha se for preciso
Para mudar o mundo
Ou para lhe tirar a máscara
Eu sou essa mão na sua cara
Acordar à tapa sua mente tapada
Entupida de tanto entojo
Por mim
Por lhe sentir nojo
Então me querem longe
Mas estou perto e fundo
Na sua consciência
Esse peso esse trauma
Essa falta de sono e calma
Eu sou gente
Não sou pedra
Nem número
Nem gado
Eu sou gente
Como sua filha
E seu filho
Como sua mãe
E seu pai
Como sua irmã
E seu irmão
Como você
E todos outros