Instaure-se a alegria!
A despeito de toda a dívida
Vinte mil unidades monetárias
A despeito de toda a dívida com a vida
Amanheceu mais um dia
Sempre o mesmo diferente
Toda uma mesma dívida
Comigo mesmo! Comigo mesmo!
Vendam-se as ilusões...
Comprem-se realidades ilusórias
Dá sempre na mesma
E sou eu que as invento
E o que invento
Não pode ser falso
Ela lembra de mim
Reconheceu-me pelo cheiro
Canina lembrança
Canina e fiel! Canina!
Faz-me existir no faro
Farei-me existir nessa lembrança
Instaure-se uma nova poesia
Com as mesmas velhas palavras
Marcadas e tão cansadas
De se repetir! De se repetir!
Como um eco inconsciente
Eco de um mesmo dia
Amanhecer assim diferente
Danem-se os lugares!
A todos eles eu voltarei
Até que saiam todos de mim
Eles não estão mais aqui
Os lugares estão
Onde devem estar
E há luzes acesas
Na noite escura
Há festas nas casas
E risos nas ruas
Danem-se os caminhos
Meus passos sabem aonde vão
Ainda que as estradas estejam nuas
Há vida nas madrugadas
E silêncio entre paredes brancas
Serenas e brandas a olhar para mim
Há um grito em cada sussurro
Do pensamento que me foge
Há alguém que nasce
Há alguém que renasce
Na sede que me alcança
Na fome de palavras
Cansadas e marcadas
De se repetir! De se repetir!
Danem-se as palavras!
Ninguém pode ouvir! Ninguém pode ouvir!
Então eu sei por que calo
Tudo o que só sei sentir
E eu sei por que tanto falo
Do que não posso mentir
Danem-se os bancos e as bancas
Que se banquem em seu fingir
Em todas as casas quebrei as trancas
Porque não sei mais fugir
Todos os passos me trazem aqui
Todos os momentos aqui me fazem
Exatamente aqui! Somente aqui!
Onde não escolhi minha alma jazer
Não há futuro e nem passado
Só o agora! Só o agora! Há a hora
Que ao passar passa me arrebatando
Há só o agora onde tudo é do jeito que sei sentir
Quando acaba o esquecimento
De tudo que nem sei se foi viver
Acabou-se a tempo o tempo de fugir
Só mais um gole! Um gole!
A água ardendo na garganta
Porque se até o tempo me engole
Por que me devora uma esperança tanta?
Só mais um cigarro e um café
Onde a esperança estanca
O desespero se abanca
E inicia-se improvável o tempo da fé
E eu não sei onde andam minhas velhas orações
Nem sei ao menos em mim como mandam
Tais e quais de tais emoções
Que voe o tempo! Eu estou a pé! De pé!
Que subam as montanhas!
Eu me quedo a viver no sopé
Tenho asas! Tenho asas!
E alço vôos de todas as angústias tamanhas
Atravesso muros de todas as lamentações
O que a rocha é não é o que eu sou
Eu me faço dessas emoções
De dores tamanhas! De dores tamanhas!
E de um incerto senso de amanhã
Eu sei que não sou a montanha
Mas não me prendo ao sopé
Sou feito de todas essas emoções
Para ser feito do que exatamente a vida não é
Por que a vida tem pés e passos, eu tenho asas!
Um banho! Um banho!
Lavar-me dessas tristezas tantas
Mais uma olhada no espelho
Quem será esse estranho
Com seu olho tingido de vermelho?
Um velho que me levou o menino
Sisudo que me apagou o sorriso
Que não mais brinca! Não mais brinca!
E sério assim porventura terá algum siso
Sobre a incerteza de amanhecer?
Tão sério terá perdido o juízo
Mas que mesmo assim não brinca
Nunca brinca de esquecer
Voa o tempo! Voa o tempo!
Que meu relógio não mede
Vai o tempo! Vai o tempo
Que de ainda viver me impede
Não há tempo! Não há tempo!
O que será que o tempo me pede?
Mais um café e um cigarro
O que a alma não quer o corpo cede
Mesmo sem correntes eu me amarro
Tenho que ir! Tenho que ir!
Por essas estradas nuas
Com a certeza de que não são suas
E de que não está nas ruas o que sentir
Tenho que ir! Tenho que ir!
Um vôo ainda além das montanhas
Com o mundo inteiro no sopé
Tenho tempo! Tenho tempo!
Só não tenho imaginação
Nem um reles intento
Para tragar mais uma emoção
Medem-me as horas passando
Nem sei para onde vão
Cede o corpo sangrando
Não é o coração! Não é o coração!
E só a alma ainda voando
Bem a tempo de amanhecer
Bem a tempo!
Bem a tempo de renascer
Bem a tempo!
Bem a tempo de esquecer
Bem a tempo!
De abrir as asas
E desaparecer
Bem a tempo
Desaparecer...
A despeito de toda a dívida
Vinte mil unidades monetárias
A despeito de toda a dívida com a vida
Amanheceu mais um dia
Sempre o mesmo diferente
Toda uma mesma dívida
Comigo mesmo! Comigo mesmo!
Vendam-se as ilusões...
Comprem-se realidades ilusórias
Dá sempre na mesma
E sou eu que as invento
E o que invento
Não pode ser falso
Ela lembra de mim
Reconheceu-me pelo cheiro
Canina lembrança
Canina e fiel! Canina!
Faz-me existir no faro
Farei-me existir nessa lembrança
Instaure-se uma nova poesia
Com as mesmas velhas palavras
Marcadas e tão cansadas
De se repetir! De se repetir!
Como um eco inconsciente
Eco de um mesmo dia
Amanhecer assim diferente
Danem-se os lugares!
A todos eles eu voltarei
Até que saiam todos de mim
Eles não estão mais aqui
Os lugares estão
Onde devem estar
E há luzes acesas
Na noite escura
Há festas nas casas
E risos nas ruas
Danem-se os caminhos
Meus passos sabem aonde vão
Ainda que as estradas estejam nuas
Há vida nas madrugadas
E silêncio entre paredes brancas
Serenas e brandas a olhar para mim
Há um grito em cada sussurro
Do pensamento que me foge
Há alguém que nasce
Há alguém que renasce
Na sede que me alcança
Na fome de palavras
Cansadas e marcadas
De se repetir! De se repetir!
Danem-se as palavras!
Ninguém pode ouvir! Ninguém pode ouvir!
Então eu sei por que calo
Tudo o que só sei sentir
E eu sei por que tanto falo
Do que não posso mentir
Danem-se os bancos e as bancas
Que se banquem em seu fingir
Em todas as casas quebrei as trancas
Porque não sei mais fugir
Todos os passos me trazem aqui
Todos os momentos aqui me fazem
Exatamente aqui! Somente aqui!
Onde não escolhi minha alma jazer
Não há futuro e nem passado
Só o agora! Só o agora! Há a hora
Que ao passar passa me arrebatando
Há só o agora onde tudo é do jeito que sei sentir
Quando acaba o esquecimento
De tudo que nem sei se foi viver
Acabou-se a tempo o tempo de fugir
Só mais um gole! Um gole!
A água ardendo na garganta
Porque se até o tempo me engole
Por que me devora uma esperança tanta?
Só mais um cigarro e um café
Onde a esperança estanca
O desespero se abanca
E inicia-se improvável o tempo da fé
E eu não sei onde andam minhas velhas orações
Nem sei ao menos em mim como mandam
Tais e quais de tais emoções
Que voe o tempo! Eu estou a pé! De pé!
Que subam as montanhas!
Eu me quedo a viver no sopé
Tenho asas! Tenho asas!
E alço vôos de todas as angústias tamanhas
Atravesso muros de todas as lamentações
O que a rocha é não é o que eu sou
Eu me faço dessas emoções
De dores tamanhas! De dores tamanhas!
E de um incerto senso de amanhã
Eu sei que não sou a montanha
Mas não me prendo ao sopé
Sou feito de todas essas emoções
Para ser feito do que exatamente a vida não é
Por que a vida tem pés e passos, eu tenho asas!
Um banho! Um banho!
Lavar-me dessas tristezas tantas
Mais uma olhada no espelho
Quem será esse estranho
Com seu olho tingido de vermelho?
Um velho que me levou o menino
Sisudo que me apagou o sorriso
Que não mais brinca! Não mais brinca!
E sério assim porventura terá algum siso
Sobre a incerteza de amanhecer?
Tão sério terá perdido o juízo
Mas que mesmo assim não brinca
Nunca brinca de esquecer
Voa o tempo! Voa o tempo!
Que meu relógio não mede
Vai o tempo! Vai o tempo
Que de ainda viver me impede
Não há tempo! Não há tempo!
O que será que o tempo me pede?
Mais um café e um cigarro
O que a alma não quer o corpo cede
Mesmo sem correntes eu me amarro
Tenho que ir! Tenho que ir!
Por essas estradas nuas
Com a certeza de que não são suas
E de que não está nas ruas o que sentir
Tenho que ir! Tenho que ir!
Um vôo ainda além das montanhas
Com o mundo inteiro no sopé
Tenho tempo! Tenho tempo!
Só não tenho imaginação
Nem um reles intento
Para tragar mais uma emoção
Medem-me as horas passando
Nem sei para onde vão
Cede o corpo sangrando
Não é o coração! Não é o coração!
E só a alma ainda voando
Bem a tempo de amanhecer
Bem a tempo!
Bem a tempo de renascer
Bem a tempo!
Bem a tempo de esquecer
Bem a tempo!
De abrir as asas
E desaparecer
Bem a tempo
Desaparecer...